Com foco em zero emissão, venda de motos elétricas aumenta 9 vezes.

A venda e o emplacamento de motos elétricas cresceu consideravelmente em todo o país nos últimos meses.

Segundo dados da Federação Nacional Distribuição Veículos Automotores (Fenabrave), até maio deste ano foram emplacadas 3.062 motos do tipo no Brasil (incluindo triciclos e scooters), um crescimento de cerca de nove vezes ou superior a 878% quando comparado com o mesmo período do ano passado (313 unidades).

Os números refletem uma tendência do consumidor na busca de uma alternativa em meio ao aumento dos preços dos combustíveis. Mas os modelos também se apoiam no apelo ecológico diante de um cenário em que as motos convencionais, com motores à combustão, respondem por 21% das emissões no trânsito em São Paulo.

Ênio Santos, personal trainer, explica que um dos motivos para optar por um veículo elétrico foi a sustentabilidade.

“Vendi meu carro e fiquei dois anos andando de patinete. Como eu precisava percorrer distâncias mais longas, preferi investir em uma moto elétrica. Eu comprei também pela sustentabilidade, ser um carro a menos na rua, menos poluição. Tudo isso fez com que eu optasse por um veículo elétrico”, conta Ênio Santos.

O personal trainer usa a moto para deslocamentos na cidade. Morador de Curitiba, ele diz que o veículo supre as necessidades do dia a dia. Ênio carrega a bateria do veículo todos os dias, à noite, na garagem de casa.

“A bateria dura de 40 km a 50 km. Eu uso o dia todo e carrego quando estou em casa ou quando tenho uma brecha à tarde. Para a minha realidade é ideal. Faço, em média, de 30 a 40 km por dia. Também economizo no tempo, já que não preciso abastecer”, diz.

Impactos Ambientais

Flávia Consoni, professora do Departamento de Política Científica e Tecnológica do Instituto de Geociências da Unicamp, defende que, ainda que as motos elétricas representem um pequeno percentual do total de motos emplacadas no país (0,59%, segundo dados da FENABRAVE), esses novos índices indicam que os consumidores estão dispostos a mudar de atitude não só por causa do fator bolso.

“É um hábito. Muda-se o hábito. Agora, você não para mais no posto, você tem que conectar numa tomada e por ser um levíssimo [veículos como scooters, motos, patinetes] é muito mais fácil também”.

Ela diz que, culturalmente, essa diferença é enorme, mas se a conta fecha mais rápido para o consumidor, ele vai adotar esse modelo. O que explica por que os carros elétricos ainda não são populares no Brasil.

“Além disso, aquelas empresas que dependem muito de motos, como empresas de entrega, estão vendo o apelo mercadológico por essas práticas ESG [sigla em inglês para empresas que valorizam práticas socio-sustentáveis] e resultados que são contabilizados na prática”, acrescenta.

De forma geral, esses veículos elétricos contribuem bem menos para a emissão de gases estufa em relação aos tradicionais, mas também geram dilemas ambientais.

Daniel Guth, pesquisador em políticas de mobilidade urbana e diretor executivo da Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike) ressalta que os ganhos são muito consideráveis quando comparamos motos convencionais (à combustão) e veículos elétricos, mas os materiais necessários para fabricar as baterias dessas unidades (geralmente o lítio), fazem com que as motos elétricas não tenham um rastro zero de poluição.

“As motos à combustão não representam a maioria dos nossos deslocamentos, mas a contribuição delas é muito alta para emissões na queima do combustível. Então essa substituição apenas da matriz energética já é muito importante do ponto de vista ambiental. O lítio não se compara nem perto com o que vem da indústria do petróleo”, diz o especialista.

Somente no estado de São Paulo, em 2020, segundo dados da Companhia Ambiental do Estado (CETESB), as motocicletas convencionais foram responsáveis por cerca de 21% da emissão de monóxido de carbono, um dos principais poluentes atmosféricos emitidos por veículos, ficando atrás apenas dos automóveis (com 60%).

Duração das Baterias e Reaproveitamento

Guth destaca que, em motos elétricas, essas baterias de lítio duram geralmente 5 anos, mas depois disso os produtos ainda podem ser aproveitados para outras funções.

“Quando a gente fala de 5 anos, não é o [período de vida] daquela célula, mas sim daquela utilização na moto. A célula vai se estender por 10, 15 e até 20 anos, mas, obviamente vai ter que ser reciclada”, pontua.

Ele explica que indústria pode aproveitar o lítio dessas baterias para transformá-lo nos mais variados produtos como lâmpadas de iluminação solar, baterias industriais, nobreak (equipamento que protege dispositivos eletroeletrônicos), mas que isso tudo precisa passar pela estruturação de uma política de logística reversa eficiente que envolva não só as empresas como o consumidor.

Segundo estimativas da própria Aliança Bike, cerca de 80% das células de lítio podem ser reaproveitadas, nessa chamada “second life”.

No Brasil, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, implementada em 2010, trata inclusive o descarte das baterias de forma específica, obrigando não só as empresas fabricantes, como as importadoras, distribuidoras e comerciantes a estruturar e implantar sistemas de logística reversa.

“Essa logística reversa, para a mobilidade elétrica, é um sistema muito completo. Você tem pouca perda. Você reaproveita muito e o que você não reaproveita, você recicla. E na cadeia do petróleo isso não existe”, afirma.

Ou seja, se agora estamos observando um pico nas vendas de motos elétricas, essas baterias comercializadas entre 2019 e 2020, começarão a ter sua funcionalidade afetada dentro de alguns anos, o que, destaca Guth, reforça que o processo de descarte ou substituição dessas peças precisa ser discutido.

“Já que uma motocicleta elétrica demanda até mais do motor e da bateria do que uma bike elétrica, isso significa que as células, para uso em uma moto, são substituídas com frequência um pouco maior do que numa bike elétrica, permitindo até maior reaproveitamento das células para essa second life”, acrescenta o pesquisador.

Uso de carvão também é um problema

Uma outra questão é a relação entre a geração de energia elétrica para abastecer os carros e o uso de carvão – que gera emissões estufa.

“O carvão tende a ser o fator crítico”, afirmou Jeremy Michalek, professor de engenharia da Carnegie Mellon University, nos Estados Unidos, ao jornal “The New York Times” em uma reportagem sobre o assunto.

“Se você tem carros elétricos em Pittsburgh que estão sendo carregados à noite e levando usinas de carvão próximas a queimar mais carvão para carregá-los, então os benefícios climáticos não serão tão grandes, e você pode até ter mais poluição do ar“, pontuou.

Por outro lado, se essas redes elétricas deixam de ser dependentes do carvão – passando a ser abastecidas com energia solar ou eólica –, o impacto ambiental dos veículos elétricos também cai.

“A razão pela qual os veículos elétricos parecem uma solução climática atraente é que, se pudermos transformar nossas redes em carbono zero, as emissões dos veículos cairão muito”, explicou Jessika Trancik, professora associada de estudos de energia do Massachusetts Institute of Technology (MIT), ao jornal americano.

Fonte: G1

Por Roberto Peixoto e Mariana Garcia

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CURSO CONSULTOR LIXO ZERO

Conteúdo do Curso

O conteúdo do Curso de Consultor Lixo Zero é estruturado para cobrir todos os aspectos essenciais da implementação e promoção da metodologia Lixo Zero em diversos ambientes. O curso oferece um panorama abrangente e detalhado, desde conceitos fundamentais até aplicações práticas, equipando os participantes com o conhecimento e as habilidades necessárias para atuar como consultores especializados em Lixo Zero.

Abaixo, detalhamos o conteúdo do curso:

Este conteúdo garante que os participantes do curso de Consultor Lixo Zero adquiram uma compreensão holística e prática da metodologia Lixo Zero, preparando-os para liderar e implementar iniciativas sustentáveis em uma variedade de ambientes.

PALESTRA
Economia Circular e Lixo Zero

A Economia Circular é outra temática muito importante que a Academia Lixo Zero aborda em seus treinamentos e palestras. Ela se baseia na ideia de que os recursos naturais são limitados e, por isso, é fundamental que sejam utilizados de forma mais eficiente e sustentável, evitando o desperdício e a geração excessiva de resíduos.

A Economia Circular propõe um modelo de produção e consumo que busca manter os materiais em uso pelo maior tempo possível, evitando que sejam descartados e transformando-os em novos produtos ou matérias-primas. Isso significa repensar a forma como os produtos são projetados, fabricados, utilizados e descartados, de forma a reduzir a geração de resíduos e a maximizar o valor dos recursos naturais.

A Academia Lixo Zero oferece essa palestra buscando apresentar os conceitos da Economia Circular, suas oportunidades e desafios, bem como exemplos práticos de empresas que estão adotando esse modelo de negócio. Nossa palestra aborda desde a gestão adequada dos resíduos no modelo lixo zero até a implementação de estratégias de economia circular em diferentes setores da economia.

PALESTRA
ESG, ODS e Lixo Zero

A temática ESG tem ganhado cada vez mais destaque no mundo corporativo, uma vez que as empresas têm percebido que seus resultados financeiros e sua reputação estão diretamente relacionados com seu desempenho ambiental, social e de governança.

Por isso, a Academia Lixo Zero busca apresentar conceitos e boas práticas relacionados à gestão ambiental, responsabilidade social e governança corporativa. Nosso objetivo nesta palestra é ajudar as empresas a compreenderem como esses temas se relacionam e como podem ser implementados em suas atividades cotidianas, para que possam gerar um impacto positivo na sociedade e no meio ambiente.

Além disso, abordamos também os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, que representam um conjunto de metas globais que buscam erradicar a pobreza, proteger o planeta e promover a paz e a prosperidade para todos. Os ODS são uma referência importante para as empresas que desejam adotar práticas sustentáveis e contribuir para o desenvolvimento sustentável global.

PALESTRA
Resíduos, Lixo Zero e Certificação

A Gestão de Resíduos é uma preocupação crescente no mundo moderno, onde a sustentabilidade se tornou um aspecto crucial para a saúde do nosso planeta e o bem-estar das futuras gerações. Visando promover este conceito vital, a palestra “Resíduos, Lixo Zero e Certificação Lixo Zero” foi pensada para atender às necessidades das empresas e organizações que buscam compreender, mas também implementar práticas sustentáveis em sua gestão de resíduos.

O foco principal desta palestra é explorar os fundamentos da gestão de resíduos sob a ótica do Lixo Zero. Ela aborda uma variedade de estratégias eficazes para minimizar a geração de resíduos, destacando a importância da redução na fonte, reutilização e reciclagem. Estas práticas são essenciais não apenas para a redução do impacto ambiental, mas também para a promoção de um estilo de vida e de operações empresariais mais sustentáveis.

Um aspecto chave da palestra é a introdução à Certificação Lixo Zero. Esta seção detalha os critérios necessários para que uma organização seja reconhecida como Lixo Zero, além de discutir os benefícios significativos dessa certificação. Tais benefícios não se limitam apenas a melhorias ambientais, mas também incluem vantagens competitivas no mercado e a valorização da imagem corporativa.